Feeds:
Posts
Comentários

Posts Tagged ‘novo disco’

Cheguei afobada no café-da-manhã que a gravadora Universal organizou com o cantor senegalês Youssou N’Dour na terça passada. Pra variar, tinha mil coisas para resolver e cobrir já cedo e, desta vez, a coletiva não atrasou (coisa corriqueira na Espanha). Um gentleman, N’ Dour não se importou com os jornalistas que iam se incorporando pouco a pouco à mesa enquanto ele falava de seu novo disco (Dakar Kingston, uma homenagem ao reggae com Bob Marley de fio condutor) e de muitos outros assuntos bacanas. O artista afastou os boatos de que se candidataria às eleições do Senegal em 2012, mas explicou que pretende usar seu poder de mídia (“mais ou menos como a Oprah fez com o Obama”, detalhou) para apoiar algum candidato que responda às suas preocupações. Uma delas reside no fato de que o atual governo senegalês quer mudar a constituição, praticamente suprimindo o segundo turno das eleições (como manobra para manter-se no poder), o que seria “uma catástrofe”, segundo o cantor.
 

Novo disco de N'Dour: desculpa para um bate-papo que foi mais além

Ficamos uma hora e dez com o intérprete de Seven seconds, totalmente enfeitiçados por seu carisma e eloquência, sobretudo quando defende o “Islã tolerante” (é herdeiro espiritual do sufismo místico de Ahmadou Bamba). Uma de suas declarações mais interessantes foi que a crise econômica que derrubou parte da Europa não calou tão forte no Senegal nem em outros países da África. N’Dour deu como exemplo o EcoBank, que, de acordo com ele, cresceu no período. “Porém, isso ainda não é muito significativo porque só 7% dos senegaleses têm conta bancária. Para ver alguma diferença, esse percentual teria que aumentar para 25%”, especificou.
O número é impressionante, mas, uma busca rápida no Google me recorda que só metade da nossa população tem conta no banco, de acordo com uma pesquisa do Ibope de julho de 2009. Dos 51% dos brasileiros que têm conta, 78% são de classe A e B. O percentual baixa para 30% nas classes D e E. Ou seja, nosso percentual na classe D e E é maior do que o que N’Dour afirma ser o desejado em seu país. 
 
Claro que comparar economicamente o Brasil com o Senegal não faz muito sentido, mas já é possível ter uma ideia de como as coisas têm que melhorar por lá. Não sei quem N’Dour vai apoiar, mas, mesmo sabendo que as mudanças não ocorrem do dia pra noite, ele já tem o meu voto.

Read Full Post »